segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Sudoeste



Como o tempo,

O vento passa,

E deixa para trás,

Meus brancos cabelos.


Tal qual o vento,

O tempo passa,

Marcado, ordenado,

Levando meus anseios.


Vazia.



Primeiro veio a rainha,

Acompanhada de seu séquito,

Com suas ordens e desejos,

E eu ansioso a segui.

Logo eu, que me vejo no espelho,

Um homem, e só.

Num segundo compreendi.

Não há felicidade ali.


Em seguida veio a outra,

Sacerdotiza de Rá,

Representante do Egito,

Com todos seus brinquedos me iludi.

Mas aos poucos recobrei-me,

E me vi só ao espelho.

Não há felicidade ali.


Finalmente veio a última,

Veio a bruxa, a mestra da ilusão.

Deu-me um pouco de poções,

Inebriou-me de ilusões,

Mas a vista não negava o que via ao espelho,

Era eu e apenas eu.

Não há felicidade ali. 


sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Eu.

Eu.




É difícil ser você,
Porém mais dificil
Ser eu mesmo.

Sem batalhas ou injustiças 
Para lutar
Ter que comprar outras brigas
Para ser justo,
Mesmo que me cobre a paz.
Qual paz?

Me descobrir homem de fato,
Quase um verdadeiro herói,
Mas de que? Mas por quem?
Essas lutas não são suas,
Não podes ser general,
Nem tampouco oficial.

Aqui ser homem é ser soldado,
Lutar a luta de outros
Sempre só e calado.

Não almejo a vitória,
Nem ela me pertence.
Nem a luta, nem nada.

E o meu igual, inimigo,
Deixou de ser meu irmão,
E agora? Luto só.
Só me resta solidão.

E me vejo sendo eu,
No espelho, eu perplexo.
Quem sou eu, quem eu fui.
Meu reflexo não me diz?

E desta luta não minha,
Só me cabe a derrota,
Dessa todos lembrarão,
Essa será minha história.

E porque ainda lutas,
Essa guerra não é sua,
Vai desista, vá embora.
Aqui pra ti não há glória.



Eu fico.

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Será?

Será?




Será que era mesmo ela?

Será que ela era bela?



Será só imaginação? Será que nada vai acontecer? Será que é tudo isso em vão? Será que vamos conseguir vencer? Ô ô ô ô ô ô ô ô ô ... Nos perderemos entre monstros Da nossa própria criação? Serão noites inteiras Talvez por medo da escuridão Ficaremos acordados Imaginando alguma solução Pra que esse nosso egoísmo Não destrua nosso coração Será só imaginação? Será que nada vai acontecer? Será que é tudo isso em vão? Será que vamos conseguir vencer? Ô ô ô ô ô ô ô ô ô ... Brigar pra quê Se é sem querer Quem é que vai nos proteger? Será que vamos ter Que responder Pelos erros a mais Eu e você?



E lembro a música agora,

Como quem lembra de você,

Lembro só por um instante,

Para depois esquecer.


Será que isso foi passado,

Ou passou por que deixamos,

E se não por que deixamos?

Será que nós nos amamos?


Restam louças na cozinha,

Roupa suja pra lavar,

Uma cama revirada,

No que antes fora lar.


Não há risos de crianças,

Nunca houve, nem haverá.

Essas foram nossas escolhas,

E o futuro... Acabou.


Dez vezes amor ou desamor.

Dez vezes amor ou desamor.




Duas vezes você me amou,

E eu quase morri.

Na primeira foi por muito,

Na segunda por pouco,

Por pouco não parti.

Vi um ônibus chegando,

Virei rápido a direção,

Teve um trem se aproximando,

E eu na beira da estação,


Quase fui, quase morri.


E não há terceira chance,

De amar ou de morrer,

Fico eu chorando versos,

E você narrando sexo,


Sexo faço por amor,

Sim, já fiz por passatempo,

Fiz vazio, sem alento,

Foi ele que me fez assim.


Hoje eu só faço amor, 

Eu só fodo por amor, 

Eu só trepo por amor,

Eu só amo por amor.


Te deixei a minha chave,

E você nunca a usou,

Fostes abrir a outras portas,

A nossa você trancou,


E o riso já não volta,

Nem retorna o amor,

Fica só o que é saudade,

Mas também fica o horror.


Duas vezes me matastes,

Mesmo número me trocastes,

Tenho medo de você,

Tenho outros sentimentos,

Mas para eles uma palavra.


Não.

Leituras

Leituras




Trocamos palavras em código,

Nossas juras e loucuras,

Nos vemos, falamos em prosa,

E nos amavamos em poesia.


Aqui não sou invisível,

Nem você minha assassina,

Juramos juras eternas

Dum amor não mais trocado.


E se tivéssemos coragem,

Todo amor seria de perdão,

E seria jogo limpo,

Não uma breve união.


E dois corpos enfim unidos,

Todo amor seria reconciliação,

Sem haver mais mal entendidos,

Onde dois é um coração.


E dois sendo então um,

Todo amor seria paixão,

De apaixonar-se num olhar,

Renovando o que eles são.


Mas por que eles optaram,

Transformar amor em solidão.

Não se viam, nem falavam,

Evitavam sua visão.


Murmuravam em seus versos,

Que fingiam não saber,

Os dois liam, escreviam,

Até nunca acontecer.

Armagedom

Armagedom




De repente veio um medo,

E se acabasse amanhã?

Nada existisse e nada houvesse,

O mundo acabou amanhã.


E frente a morte eminente,

Um rio de fogo e lava,

Ondas, ventos estridentes,

E onde você estava?


O mundo acabando e eu pensando,

Pensando somente em você.

Morrer sem te ver,

Viver sem você,

Que se dane o mundo,

Onde estava você?


E o mundo explodindo,

Eu surdo e ele rugindo,

Só uma coisa para dizer,

Meu mundo acabou muito antes,

Ele se foi sem você.


Já te disse, outros disseram,

Você diz, não quer saber,

Mas e se ele mesmo acabar?

E eu longe de você?


Tenho que falar amor,

Por mais medo que eu sinta (da sua presença)

Pior é nunca mais te ver.

Nunca mais me apaixonar,

Nem dizer; amo-te.


Um pedaço de carne.

Um pedaço de carne.

Era simplesmente,
Um pedaço de carne,
Pendurado no alto,
Balançando ao vento,
Tão doce, suculento,
Como se dançasse para os cães.

Eram vários cortes,
Filé, conta-filé,
Maminha,
E sua chuleta.

Pingando sangue,
E os cães babando,
Por um pedaço seu.
Ela era um simples pedaço de carne.

E se sentia rainha da matilha,
Quando era devorada em seguida,
Seguida se refazia
E do alto ela pendia,
Gotejando sangue e prazer,

Um pedaço de carne e sexo.
Não obrigado, quero amor,
Eu sei, não há felicidade ali.
Nem haveria de ter, por quê?

Enquanto os cães devoram (Seus pedaços)
Nacos tenros, cheirando a sexo,
Ela revira as garrafas e bebe vodka,
Pensando beber coragem.

E a tal da beberagem, 
Tem só um gosto.
Solidão.

Pela primeira vez

A primeira vez
Que a vi
Foi outro dia
Poi quando olhei
Ela sorria.

A segunda vez
Não houve
Nunca tornei
A lhe encontrar

A primeira vez
Que a vi
É todo dia
Quando volto
A me apaixonar.

Veja acidez no verso,

Na prosa rascante,

A palavra picante,

E o salgado reverso.


Olhe o vazio no rosto,

Na carta mal'scrita,

Qual bula desdita,

Azeitando desgosto.