domingo, 6 de maio de 2018

Arguição.

Pergunta simples do dia.
Quantos amores tivestes
que te falavam em prosa,
e tu respondias poesia?

Tive todos que eu quis.
Me respondes.
Vixi, sorte tua.
E eu, pobrezinho,
só tive um. Você.

O cofre.

O universo observável,
O aglomerado de virgem,
O grupo local,
A Via Láctea,
O sistema solar,
O planeta Terra,
O continente Americano,
A América do Sul,
O Brasil,
O estado do Rio de Janeiro,
A cidade do Rio de Janeiro,
O bairro das Laranjeiras,
A rua das Laranjeiras,
O número 366,
O apartamento 402,
O meu quarto,
Eu,
O meu peito...

Dentro dele
O meu coração.

Ai, ai...
Tanto espaço por aí...
E eu apertando dentro do peito
Tudo que sinto dentro de mim.

Correspondências

Um dia irão descobrir
Nossas cartas chamadas poemas.
Em um livro reunidas,
Entre amores e dilemas.

Dos meus versos em quadrilhas,
E teus poemas processos,
Nossos sonhos e fantasias,
E muito, muito sexo.

E toda hora te escrevo,
Entre medo, espanto e amor,
Não sei qual de "tus" me lerá,
Mas ainda assim eu vou.

Você levou minhas garrafas,
E com sede me deixou,
Desse escuro que és tenho medo,
Nele perco quem eu sou.

Mas ainda assim no espanto,
De todo o medo que sinto,
Do coração apertado e exposto (indefeso)
Ele pergunta; _Casa comigo?

_Não, não, não seu louco!!!
Qualquer uma, menos ela!
Tenho que negar seu nome...
Negar que ainda sou dela.

Então rirão as pessoas,
Desse amor atrapalhado,
Os dois negando a si mesmo,
Negam fato consumado.

O ódio que me cega de um olho.

Escolho com calma as palavras.
Deixando o passado pra trás,
Não fui o homem que sonhavas
Nem ti, a mulher que amei.

E vejo a sua covardia,
Disfarçada em suas falácias,
De uma mulher liberada,
Aham, eu sei, e a Gaby? Sabe?

Ontem eu disse não,
A um outro passado que à porta bateu,
Não senhora, não obrigado,
Quem eu amo? Sou eu!

Mas eu ainda leio teus versos,
E deles só trago a pena,
Lamento, jovem, as escolhas.
Lamento não sermos poema.

E o tempo vai passando,
Levando as possibilidades.
Dos filhos, os sons duma casa,
Sucesso e a felicidade.

E aquilo que era incerto,
Dois corpos que se completavam,
Duas almas que não se completam
Destinos que não se cruzavam.

E foram embora se amando.
Para nunca, nunca mais.
A rosa brigou com o cravo,
Diferentes mas iguais.

Um amor como esse?
Disse o corvo novamente,
Com seu riso indolente;
Esse amor, nunca mais.

Ela.

Ela é inteligente,
Ela é alta,
Ela é escura como a noite.

Tolinha...
Todo homem morre de medo de ti.

Mas existem uns poucos.
Esses, menos afoitos...

Que não evitam o inevitável.

Param diante de ti.
Assombrados,
Como eu ficaria,
Diante de uma onda imensa.

Não paralisado,
nunca petrificado.

Apenas apaixonado
Por tamanha imensidão.

E um leve frio no estômago,
Esperando, esperando...
Tua onda me quebrar.

Ardor.

Saudade,
É o nome
Do amor,
Quando arde!

Sonhos.

Todas as noites eu durmo,
Um sono profundo,
E sonho:

Eu sou teu Marco,
Você minha Cleo.

Toda manhã eu acordo,
E a luz me leva as lembranças,
Do que a noite sonhei.

Saudade.

Ela se foi,
Saudade,
Saudade,
Saudade,
Saudade,
Saudade,
Saudade,
Saudade,
Saudade,
Saudade,
Saudade,
Saudade,
Saudade,
Saudade,
Saudade,
Saudade,
Saudade,
Saudade,
Saudade,
Saudade,
Saudade...
Eu finalmente me fui.

Adeus.

Amor.

O amor,
Não é preto.

O amor,
Não é branco.

Nosso amor,
Era cinza.

E dele cinzas fizemos.

Anti-romântico.

Mas acontece que eu não posso me deixar
Levar por um papo que já não deu, não deu
Acho que nada restou pra guardar ou levar
Do muito ou pouco que houve entre você e eu

(Muito romântico - Caetano Veloso)


Olho pro lado. Nada restou.
Só restos de mim.
Daquilo que sou.

Deu, foi, partiu.
Nada mais importa.
Do que antes importava,

Do que chamou-se amor,
Lealdade,
Significado perdido,
Almas partidas,
Corpos perdidos.

Da tua garrafa de vodka eu não bebo.
Nem bebo restos do copo chamado
Saudade.

Ela aos poucos se vai,
E fica o silêncio.
O vazio na cama,
Onde era o teu lado.

Olho pro lado, teu lado.
Você se foi.
Sua escolha.
Sua vontade.

Sua responsabilidade.

Não creio em deuses,
Nem deusas.

Não respeito reis,
Nem rainhas.

Diante de mim,
Caída no chão,
Uma coroa lazuli
Espatifada.

Revolução.

E ela despe-se
De seu manto (I)(R)real,
E torna-se mulher.

Eu sou apenas um homem.
Que te amou,
Como nenhum outro..

E minhas fantasias,
(Românticas)
Despedaçadas...
Em cacos multicoloridos,
Em todos os sabores,
Se tornam partes de versos,
Sem rimas.
Sem métrica,
Sem poesia,
Sem musa,
Sem amor.

E ela foge na escuridão,
Levando tudo o que quis,
Deixando meu corpo nu,
E ela, tão triste,
Vagando de corpo em corpo,
Buscando fingir felicidade,
Daquilo que abandonou.

Eu, inteiro,
Renovado.
Encontro comigo,
E rio.

Beijo o cara no outro lado de espelho.
Tão lindo,
Sorridente,

Todos os dias antes de sair.



Cartas.

Ela fala,
Eu finjo que não leio.
Eu falo,
Ela finge não ser com ela.

Fingimos não nos amar.
Fingimos tão bem,
Que um dia vamos acreditar.

E só nos resta sentir,
Novamente.
Re sentir,

Com toda a tristeza sentida,
Sem lágrimas curadas,
Sem amor purgado,
Sem risos,
Sem toques,
Sem beijos...

Sem nada.

Só nosso ressentimento.

Sem cura,
Mais nada.

Dos meus males diários.






As vezes falta remédio,
Por outras sobra-me tédio.

Marco e Cléo.






SOU UM HIPOGRIFO!
SOU UM HIPOGRIFO APAIXONADO!
SOU UM HIPOGRIFO APAIXONADO POR UMA ESFINGE!
SOU UM HIPOGRIFO QUE UM DIA FOI!
SOU UM HIPOGRIFO QUE UM DIA FOI APAIXONADO!
SOU UM HIPOGRIFO QUE UM DIA FOI APAIXONADO POR UMA ESFINGE!
E ESTA ESFINGE ERA VOCÊ!!!




Vazios (ou um Último verso sem rima ou rumo)

Minha cama vazia,
Reflexo do coração,
Bump, bump, bump, thum!
Quase parando num passado
Distante,
Antes.

Eu olho pro lado,
Eu chego em casa,
E espero que a chave,
Ainda exista,
Ainda abra a porta,
Do meu coração.
Bump, bump, bump, não.

Ela não veio,
Negou seu amor,
Fechou minhas portas,
Deixou-me sozinho,
Na cama vazia.

(Novamente.)

E eu, oficialmente, encerro.
A espera,
E a esperança,
Apago as lembranças,
E o tempo se vai,
Se foi,
Não mais será!

Nunca!!!

Procuro em meus potes
Minhas lágrimas.
Secaram ou se foram?
Jamais saberei,
Pois não mais importa,
Se ainda te amo.
Se o meu coração,
Bump, bump, bump, por você.

E daí? Tanto faz.
O tempo passou, (E mais passará.)
E nada mais vale a pena,
Que pena...
Nem nada mais existe,
Nem mesmo a tristeza,
Da sua partida
Seus sacos pretos,
Seus pretos,
Sua loja,
Minhas dívidas,
Nosso ressentimento,
Nossas meias verdades,
Minha humilhação,
Suas porradas,
Minha vergonha,
Sua covardia,
Minha covardia.
Suas escolhas,
Meu caminho,

Adeus.

Sem Sankofa.

Às vezes é tarde para voltar
E apanhar o que ficou atrás.

Bump, bump,
Bump, bump,
Bump, bump,
Bump... Píííííííííííííííííííííííííí!!!!!

Desencontros.

Foi tudo perda de tempo,
Ou conexões equivocadas.
O fato é que se amaram pouco,
Se jogaram pouco.

Beberam da garrafa errada.
A rosa brigou com o cravo,
O cravo traiu a rosa.
A rosa traiu o cravo,
E nesse jardim não sobrou nada.

Apenas flores
De ressentimento.
Pútridas acres
E gastas.

Nunca houveram lágrimas para regá-las.
Apenas juras perdidas.
Frases repetidas
E promessas quebradas.

O cravo brigou com a rosa
E desse amor não sobrou nada.

Como eu faço.

Eu faço amor.
Não fodo,
Não como.
Não humilho,
Não subjugo,
Não me submeto.

Eu sou amor.
Sou sexo,
Sou arte,
Sou Marte.

Não gostou?
Foda-se.





                                                                                                        ...sozinha.

Suavidade.

Ele esperou,
Dias,
Semanas,
Meses,
Até anos.

Esperou a porta
Se abrir.
E entrou.

Embaixo d'água
Ela lhe esperava.
Finalmente.

Seus lábios se tocaram
Seus corpos se uniram
Num único corpo.

Ela por fim se rendera a si.
E o medo se foi.

E em seu ouvido ela lhe pede:
_Uma filha...
_Um filho...

Juntos fizeram.

(in)Conclusões.




Ele ainda espera que ela volte.
Que ela leia os poemas escritos ao vento,
Que ela tome coragem,
Daquela garrafa onde antes havia vodka.

Que eles chorem juntos,
Que chorem muito.

Que se batam,
Que se amem,
Que se perdoem,
Que aconteça o amor de reconciliação.

Que as palavras tenham sentido.
Que ele não faça a tatuagem.

Que seus ressentimentos seja curados
Sejam purgados
E perdoados.

E que seus dreads se misturem.
E seus genes se misturem
E ganhe nome de menina
E outro talvez de menino

Igual a mãe
Igual ao pai.

E que se olhem
E se apaixonem
Todos os dias
Duas vezes ao dia (se possível)

E que a vida se refaça,
Em um novo ciclo.
Em como todo círculo
Sem início,
Sem meio,
Sem fim.

Apenas amor.


Esperando Isadora.

O tempo passa,
E te espero.
Em cada segundo,
Se possível,
Penso.

Em teu cheiro,
Tua pele,
Teu sabor...
(Em todas as mordidas que juro vou te dar)

Em te sentir aos meus braços,
Te aninhar no meu colo,
Ser teu porto seguro,
Nas noites de tempestade.

Te dizer baixinho, sussurrando,
Quando ouvir teus soluços,
_Vai dar certo.
_Eu estou aqui.

Te dar de comer,
Cozinhar? Só pra você.
Quero lavar suas roupas,
E brincar de casinha.

E quando cresceres,
Te fores embora,
Que eu tenha sido
Teu pai e tua mãe.
Tu? Minha menina Isadora.

Palavras,




Sim.
Não!
Talvez?

Pensamento.

E Insisto em pensar.
Pensar? Pesar?

E faço versos prolixos,
Gastando sufixos
E vou dedilhando as palavras,
Tão caras, tão raras.

Formando o meu pensamento,
Já disse; lamento.

Este não é um poema de amor,
Não há a quem ofertar
Não há musa para amar.

São apenas letras,
Palavras ao vento.

São falas rimadas,
Só o meu pensamento.

Instinto.

O sono vem na hora certa.
A fome vem na medida correta.

O resto virá quando tiver que vir.
Nem um dia antes,,,

Nem um segundo depois.

Perdoar-se

Por todas as vezes
Que peguei a navalha,
E me cortei.
Me perdoô.

Pelas estradas tortas,
Que entrei sem volta
E errei caminhos.
Me perdoô.

Dos vários abismos,
Que pulei sem olhar,
E no fundo me estrepei.
Me perdoô.

Em todos os momentos
Que jurei amar,
Jurando que ela era a pessoa certa.
Me perdoô.

Em cada riscada da navalha,
Por cada uma das picadas,
E das vertigens dos meus voôs,
Nem dos amores vindos e idos.

De nada disso me arrependo.

De nada que me fez quem sou.
De tudo que me diz pra onde vou.

Por todas lembrancas da alma,
Peço calma, nessa hora.
Um suspiro,
E respiro.

E tudo se vai para seus armários,
Baús e
Gavetas.

Guardados na minha memória.

Adeus lembranças.

Saudade.

Eu te procuro em pensamento.
Você me responde com os teus.

Sem palavras,
Sem corpos,
Sem beijos,
Sem desejos.

E não nos vemos novamente.

Ficamos sós.

Tão somente.

Miragem ou dez de abril do ano passado.

A ultima vez que me vistes,
Que soubestes quem sou,
E dissestes meu nome.

Aquele nome,
Que ninguém sabe que existe.

Só você.
Mais ninguém.

Desde então,
Nada sou.
Só miragem.
Nem saudade.

Sou ninguém.

E fiquei largado
Naquele parque.
Pendido nos fios do tempo.
Deixado, trocado, abandonado.

Lembra?

Liberdade?

Palavra sem sentido,
Vazia.
Pois quando se pensa nela,
É tardia,
É perdida...

Dois corpos distantes,
Livres um do outro,
Sem vínculo, sem sexo,
Sem nada em comum.

Libertos.
Vazios.
Tristes.

O amor é uma prisão,
É a renúncia da liberdade.

O amor é um calabouço,
E seu preço a liberdade.

E eu, homem alforriado,
Liberto daquelas correntes,
De quando se é namorado.
Escuto o bater do meu peito,
E este bate aliviado.
Torno-me rei de mim mesmo,
Torno-me também meu próprio escravo.
Daquele homem no espelho,
A quem jurei que vou amá-lo,
E o resto torna-se lembranças,
De um passado angustiado,

Do qual não fui homem, nem rei,
Nem nada.

E desfaz-se a ilusão,
Do casal,
Do amor,
Dos filhos,
Da sogra,
Do cachorro,

Do vazio que eram suas vidas.

E ela persegue o sucesso,
Ele quer algo difícil,
Algo perto do Impossível.

Ele quer felicidade.




Meus sentimentos...

Lamento, meus sentimentos.
E vejo o amor (?) esvaindo,
Como sangue entre os dedos.
O que sobra, é salgado como pranto.

E matamos esse amor,
Um pouco a cada dia,
Sem olhos, sem bocas
_Por favor, não me toque...

E a nossa covardia,
De olhar nossos defeitos.
Perdoar, sinto... lamento,
_Não tem jeito!
(Não tem mais importância; ela diz.)

Tão mais fácil esquecer,
Por todas as pedras em cima,
Sumir, enterrar, não ver.
Que dar a volta, aceitar.

E o passado vira impasse!

Conversa.

Preciso da sua ajuda,
Como fazíamos antes,
Antes de nós
De tudo,
Antes de ser anteontem.

Pedir o seu conselho,
Pedir sua opinião,
Pesar as coisas (em conjunto)
Decidir juntos a questão.

E o tempo passa
Não respondes,
E eu, e tanto o que fazer.
Cadê você, me ajuda.

E o eco retorna a questão.
Cadê você me ajuda...
Ajuda...
Ajuda...
Não há...

Fim!

É o fim.
Assisti todos os capítulos,
Todos diziam fim.
The end.

Mas eram happy end?

Como versos picados,
Desrimam,
Tiram seu significado.

E o amor chega ao fim,
Pois se um dia começou,
Então como eu morrerá.

E vejo o filme que acaba,
Um outro também termina.
Logo algum começará.

Lanterninha?
Que horas começou a sessão?

Alívio imediato.

As palavras proveêm
Meu alívio imediato,
Daquilo que tenho horror,
Do que um dia foi fato.

Eu nego até ser verdade,
Discordo de quem contradiz,
Nunca vou esquecer essa dor,
Ou que só escapei por um triz.

Coragem.

Coragem,
Vencer o medo,
Vencer a mim,
Pular no escuro,
Desse precipício,
Sem fim.

Coragem,
Para olhar,
Pra mim,
Que sou o monstro
Ou anjo serafim.


A montanha.

A montanha por fim se mostrou. Hoje vejo suas trilhas, mas vou descobrir seus atalhos. Sei sua altura, seu tamanho e quanto pesará em minha vida.

Hoje a montanha se mostrou, mas não me assustou. A montanha não vai me vencer, o vencedor serei eu e outras montanhas virão.

Montanhas de verdade.

Não subirei mais nenhuma montanha só. Minhas filhas estão comigo, e sempre estarão. A que aqui está, a caçula que vai chegar.

Minha vida são elas.


Não há musas para amar.

Sem versos,
Sem nada.
Sem nenhum amor,
Sem nenhuma amada.

Eu só, sozinho sem amor.
Tão pouco, quase nada,
Eu simples. De mim abandonado?
Não há amor, nem musas,
Nem nada.

E eu, homem crescido,
Deixei meus meninos saírem,
Vão pra morrer ou crescer
Viver é partir.

A porta fechada me olha,
Desafia a minha inércia.
Vai embora, vou embora.
Sem demora. Agora.

E nada deixo pra trás,
Nem lástimas,
Nem culpa,
Nem nada.

Não há mais musas para amar.
Se foram
Que se fodam,
Lá fora.

E olho no espelho e vejo,
O homem que esperou,
Por mim. Enfim, enfim.
No tempo certo chegou.

Esperança(s).

Aos poucos vou arrumando as coisas. O quarto, o escritório, sala, cozinha, tudo. As coisas, aquelas coisas do coração e mente, os planos e sonhos, tudo aquilo do que sou feito. Como os tijolos e argamassa, como carne e sangue. A lista de sonhos e projeto. Essas estão no chão...

Aguardando...

Aguardando...

Aguardam que eu tenha coragem de olhar e riscar dela o que me será mais caro.

Coragem, Mauricio. Coragem.

Imerecido.

Ele não mereceu seu perdão,
Ela o desculpou uma vez
Duas vezes

Mas nunca haveria uma terceira.

Ele a perdoou todas as vezes
Que suportou.
Cinco ou mais,

Ele a perdoou naquele corredor
Que ela o humilhou,
E expôs ao mundo.

Ela nunca o convidou a entrar
No banho.

Ele nunca trancou a porta,
Esperando que ela viesse.
Mas não veio.

Nunca veio.
Ela nunca foi.

Nunca se amaram no chuveiro.

Se amaram
Na chuva.

Mas por que?

Ela nunca dançou para ele.
Dançava para todos,
Menos para ele.

Ela dizia, às vezes, que o amava.

(Também dizia que não precisava repetir isso todos os dias, mas se você acha que é importante dizer bom dia todos os dias pela manhã? Por que não seria importante dizer ou ouvir eu te amo?)

Ele dizia sempre que podia e se apaixonava novamente logo depois.

De peito aberto.

Meu risco é pequeno.
Sou homem,
Branco,
Meia idade e
Pouco ou nada tenho a perder,

Sou parte do mundo dominante.

E nesse momento sem risco...
Corro e salto da borda do precipício
Esperando vir um voô.

Ahhh, alma tola.
Já não te disseste não vôas?
E teimas em ser balão,
Ou pássaro de ribanceira,
Gaivota que sabe voar.

Então rápido se aproxima,
O chão.

Fim da estória.

Um caco de vidro.

Ela olha os cacos daquele coração espatifado. São cacos de vidro, afiados, prontos para cortar os pulsos na banheira quente. Dois Lexotans e adeus mundo.

Adeus sonhos, filhas, Sonhos de crianças correndo. Adeus qualquer chance de reconciliação. E o mundo se vai lentamente, mornamente e sonolentamente. A vida se vai em paz.

Paz agora. Paz para as mulheres e homens de boa vontade. Ai, que vontade de voltar atrás... reencher todo o corpo com o sangue e apenas tomar um banho de banheira.

Onde estão os óleos essenciais? O que mesmo era essencial? E a minha essência se esvai aos poucos naquela água rubra. A pele sem vida. A vida indo como sempre foi.

Ouço uma voz dizendo sucesso. Pela última vez sorrio. Penso nas palavras escritas na folha, no quarto. Diria tudo diferente. Diria adeus, fui embora.

O sono vem tranquilo. A vida se vai tranquila. Sem dor. Sem rancor. Sem esperança.

Nua na suíte vazia, só. Sozinha. Ela se vai aos poucos sem ninguém para salvá-la. Ela não precisa de príncipes. Ela se julga rainha. E sem reino, sem nada ela parte deixando para trás mais um coração despedaçado.

Auto-retrato em 3X4.



sou síntese; 

tese de meu pai, 

anti-tese de minha mãe.



eu sou um abismo escuro e profundo. 

t
alvez não...


(mas você nunca vai saber se não saltar.)



sou fácil,
difícil.


sou sim.
não sou.

sou as vezes, 


mas nunca sou.



sou quente, 

as vezes frio;


nunca morno.



estou sempre perto, 

ou sempre longe, 

mudando de acordo com o seu referencial.



sou norte,

(mas meu olhar 
sempre se perde
no horizonte 
de onde a lua vem.)



sou calmo, 

paciente 

e quero tudo pra ontem; de manhã.



sou teimoso.


perdôo sempre,

mas também odeio mortalmente, 

pra sempre; 

pelos próximos quinze minutos.



sou absurdamente racional,
e racionalmente incoerente.



sou verso e prosa.
estribilho
e refrão.

sou poema concreto.



sou ponto,
vírgula,
ponto e vírgula,
dois pontos,
interrogação,
exclamação.

fecha aspas.



sou irritante,
insuportável,
eu sou terrível.


sou doce;
meio amargo.



eu sou amor da cabeça aos pés.



sou homem,
sou arte,
sou marte!
ahh... sou.



sou enlouquecedor,
e a coisa mais calma do mundo.



nem penso. pulo no fogo pra buscar um amigo.

sou branco,
ariano,
preto e negão.

as três coisas que mais amo cabem em embalagenzinhas de 1.65m a pouco mais de 1.80m.
mas duas delas ainda estão em fase de crescimento.



detesto jiló. 

só como quiabo por causa do meu orixá 

(ainda bem que ele não me pede pra comer com frequência, nem puro.).



sempre morro de saudade; 


nunca, nunca admito.



sou um hipogrifo num embate mudo contra uma esfinge.

a

vida pra mim nem sempre é uma questão; 


decifro-te.
devora-me,

não tenho medo de mordidas,

nem de morder!



vou viver muito,
muito,
muito.
muito mesmo! 



até quase encher o saco.



adoro hamlet.

A faca.

Corte
Sangue
Língua
Sabor
Vida
Lista



Lembrei!!!





Faltou comprar cebola e sabão em pó.

Ao deus Onan.

O corpo só
Sua desejo,
De si, de carne,
Em autotesão.

Sozinho se toca, se sente
Mas não se ressente.

Narciso em mim,
Eu me basto,
Me curto,
Me amo,
Me satisfaço.

E no meu peito,
Um coração fechado.
Trancado e protegido,
Dos amores além mar.
Dos horrores de amar.

E eu, sigo sozinho,
E feliz.

Com o homem do espelho.


Desambiguação.

A dúvida persiste,
Nas pétalas da flor.
Tu me amas,
Não me amas.

E eu, sozinho,
Despedaço o jardim.
Eu te amo,
Não te amo.

Em cada flor que matamos,
Em cada jardim destruído,
Escondemos sentimentos,
Esquecemos o que sentimos.

E as flores apavoradas,
Da nossa presença sem fim.

Que fazem esses dois não-amantes,
Que nunca deixam o jardim?


Violência.

Hoje li coisas,
Sobre um homem,
_Homem mesmo?
(Me pergunto.)

E me vi refletido
Num monstro,
Daquela vez que te odiei,
No meio da rua.

(Me desculpe*)

E eu monstro,
Dentro de mim - vergonha.

E olho no espelho
Passado, pretérito,
Imperfeito de mim.
E volto para aquela rua.

(Me desculpe*)

E volto para mim,
O que fiz?
Porque fiz?
Quem era eu ali?

O fato de deu,
Se esgarçou,
Se perdeu.
Mas nada mudou.

Nem eu? Só eu?

E a rua sempre volta,
E reensaio a cena,
Refaço, desfaço a tragédia.
E fico ali, sozinho de mim mesmo.

(Me desculpe*)

E só me resta a lição,
Do que achava que havia
Perdido entre nós.
Não há nada,
E nem podia.

*Desculpe
Não vai mais acontecer,
Pois fizemos nossos muros,
Com tijolos de esquecimento.



Resistência.

Mais ou menos um dia,
Sem você.
Se é mais um dia
Distante,
Ou menos um dia
Até a liberdade.

Liberdade de não pensar,
De esquecer,
De perecer o que pensei
Amor.

E ao nada retorno,
Nada sinto,
Nada quero
Nem desejo.

Nem teu corpo,
Ou teu beijo.

Insistência.

Eu sou dois.
Dúvida e certeza.
O corpo hora diz,
Vai!!!
E a mente recua:
_Não!!!

E o corpo as vezes fica,
A mente vai...

Um nega o desejo do outro,
Pois nunca se completam,
Não podem completarem-se.

Vai???
Não!!!

O corpo,
Jaz morto em mim,
Privado de desejos
Vontades...

Presos em seus temores de amores.

E agora, vai?
Nunca!!!

Dor.

Eu não sinto sua dor,
A distância me faz
Insensível.
Não importa,
Nada mais importa.
A sua dor,
Ou de quem seja for.

Eu não sinto,
Sinto muito.

E minto para mim,
De novo,
Nova,
Mente.
Minto.
Não sinto.

Perdi o direito
De ser príncipe,
Salvador,
Ou seja quem for.

Perdi.

Ao longe suas lágrimas rolam,
Longe,
Longe,
Quase não sinto.

Perdas.

Dia oito de janeiro,
Ela perdeu,
Juntou tudo que tinha,
Em sacos plásticos.

Eu fui salvar.

Dia oito de janeiro,
Ela tornou a perder.
Perdeu pra minha covardia,
Perdemos pra nossa hipocrisia.

O cravo brigou com a rosa,
Ele não esquecera a margarida do jardim.
Ela desejava os girassóis, todos anturios,
E outras flores dali.

E estavam os dois errados,
Ou estavam certos,
Mas não importa,
Pois acabou.

Daquilo que éramos feitos.

Subtraindo o todo que os circundava, os corpos, as vidas, seus passados, seu erros e acertos, suas idades ou mesmo suas cores. Tirando tudo o que os faziam humanos; uma mulher e um homem, tudo que sobraria era a essência. E está era o amor, diriam. Cada um era para o outro um porto seguro de chegada e nunca de partida, ou ao menos deveriam ser. Mas não foram. Nem ele, nem ela. Ele virou um furacão, ela um maremoto. E juntos destruíram tudo de bom que existia.

Entre eles.

Entre a vida.

Os corpos, seu erros...

Destruíram a mulher e o homem. Tudo o que sobrou foi a essência dos dois. Mas isso eles já não viam mais. Isso não importava mais.

Nem a ela,

E depois, nem a ele.

No silêncio da noite.

Às vezes no silêncio,
Ouço teu nome.
Viro-me rápido:
Você não está.

A noite na cama,
Olho o vazio, escuro
Onde antes havia alguém.
E o silêncio me retorna
Minhas dúvidas.

Havia?
Alguém?

Às vezes no escuro da noite,
O vazio grita seu nome.
Cy, lêncio!!!
E entre lençóis brancos
Vivo a tua solidão...

Desejo.

Você não me faz falta,
Nenhuma.
Durante o dia.

Nunca fez.
Na verdade nem,
Um segundo sequer.

Durante o dia.

Nunca precisei de você.

Só escolhi deixar você,
Entrar.
Na minha vida.

Eu nunca senti sua falta.
Durante o dia.



Mas a noite.
Olho pro seu lado da cama,
E você não está.

Uma parte de mim chora.

Crianças.

Eu chamo seu nome,
Ela não responde.
Existe em sonhos,
E lá que se esconde.

Dora, Dorinha?
Isadora? Filhinha?

Onde estão todos os versos
Que eu fiz pra você?

Onde guardei as rimas,
E todas as prosas,
E eu sem saber.

Filha, minha preta.
Cadê teu irmão?

Saiu, ou cresceu?
Ou nunca nasceu?

São sonhos, sorrisos.
São lágrimas, avisos...

E sonhos se vão.
Crianças não vem.

Isadora? João?
Onde foi que os deixei?

Perguntas simples.

Eu te leio.
Você me lê?

Eu te vejo.
Você me vê?

Eu te amo...



Nada, nunca é tão simples.

Raiva (número 1) ou simplesmente; Muito obrigado.

Por um instante tive raiva. Ódio de uma das múltiplas humilhações a que me sujeitei. Por um instante lembrei de abril. Do dinheiro que dei para ela, me apertando para que ela pudesse viver e em abril ela simplesmente foi para São Paulo com outro homem.

Que raiva, que ódio, que filha da puta, que humilhação!!!

Parei de cortar a carne que preparava um strogonoff respirei fundo. Pensei nela e num cara com nome de cantor brega. E tudo veio a memória. E a raiva aumentou. Por ela e por esse babaca que também me explorou. Foi passear em São Paulo com a mulher bancada por outro. Belo ser humano. Quanta dignidade dessas pessoas. E quanto mais pensava lembrava deste belíssimo espécime de Homo sapiens que manipulou com seu cavalheirismo a situação. Afinal, ele já "comia" a mulher, e chutar cachorro morto é fácil. Basta posar de bom moço. O compreensível... Aquele que te dá o seu tempo. O que te escuta, te compreende e apoia.

E o ódio aumentando... (kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk)

De repente cai a ficha. Que bom que ele fez tudo isso. Também já fiz igual, também comia e era o homem bacana. Já consegui a fulana e outra vez não. Mas o que me importa agora é que essa fulana se foi!!! Não faz parte da minha vida, somente das minhas memórias e ao menos não tenho tantas memórias de prazer para me agarrar.

Então que se foda. Ou fodam-se os dois juntos ao som de Érika Baduh. Ele tirou de mim todo o meu tormento e tomou para si.

Obrigado a todos os cantores bregas do Brasil. Muito obrigado! Sou eternamente grato. Verdade que eu poderia ter dado um fim a isto e não sentido tanto sofrimento. Somente a dor da perda e pronto.

E o ódio se vai nas palavras e vem um sentimento de profunda gratidão por esse cara é por todos os outros que me fizeram ver quem ela era de fato. O cantor ou o filósofo alemão ou quem mais for. Qualquer outro DJ. Não importa. A todos esses caras de fato o meu muito obrigado. Aprendi uma lição profunda. Ganhei respostas para questões que me atormentaram a vida inteira até aqui.

Graças a dor que me causaram, ela e seu incansável baú de brinquedos, encontrei comigo. Depois de quarenta e nove anos dei de cara com o Mauricio e o impensável aconteceu.

Amo-me e somente isso.

Dúvida.

Essa era sua única certeza, algo completamente socrático mas real. Ele tinha certeza de que não fazia a menor ideia do que era aquilo. Mas a consciência sempre pesa em quem já teve uma vida desregrada e com uma consciência atacada por memórias passadas, pesadelos e outros fantasmas nada se podia fazer.

A não ser respirar.

Deixar o tempo passar...

É só assim ele veria que aquilo não era ele. Não era com ele. Não era pra ele.

Foi então que ele resolveu olhar o destinatário da carta. Era o mesmo nome, mas sobrenome diferente. O porteiro semianalfabeto entregou a carta no apartamento errado. Essa noite, no prédio onde morava ninguém passaria a noite em claro.

Ele pensou. Virou pro lado e dormiu.

Nessa noite todos dormirão tranquilos, até os culpados.

Medo.

Sexta feira tive medo. Um medo do mais profundo e apavorante medo. Tenho medo da ignorância do ser humano. Essa espécie bovina que caminha sobre a terra em cima de suas patas traseiras. Que crê em amigos imaginários e neles jogam todas as suas fichas. Todas as suas vidas e sonhos. Apostam em outra vida, pois para eles está não deve ter mais recuperação.

São esses homens, e mulheres, que aceitam os reis e rainhas. Eu não.

Oporto.

Meu corpo,
Teu porto
(Seguro)
Além do muro,
Que há entre nós.

Teu corpo,
Noite estrelada
É rota incerta
Tão longe além mar.

Meus braços
São como laços
Circundam teu ventre
Que é a própria terra
E sendo terra,
Um dia foi lar.

Provar do meu próprio veneno.

Eu esqueci. Verdade. Juro! Esqueci geral! Total! Puxa o que posso dizer? De repente alguém me diz;
_ Deixei um comentário lá no seu Blog.

_ Meu Blog?

Ai meu Deus, descobri que esqueci de mim. Eu algum lugar estava perdido. Sozinho, no escuro, os meus pensamentos... E qual é o meu blog?

Depois de uma breve peregrinação aqui estou. E eu gostei do que escrevi no passado. Sinal que continuo o mesmo.

_ Que decepção...

Acho que tenho que voltar e reler tudo novamente. Preciso começar a não gostar do que eu era pra poder me modificar.

Mas será que isso é mesmo necessário???

Antídoto.

Era hora de buscar algum remédio. Algo que me desse um alívio permanente àquela dor. O sofrimento já havia partido mas eventualmente a dor retornava como com aqueles ossos que doem quando esfria para lembrar que um dia de já estiveram partidos. Um coração que já esteve dilacerado também dói no meio da noite para lembrar que está só. Só com seus pensamentos.

Só com seu futuro, com seus planos, só com o mundo inteiro a sua frente.

O mundo; o local de todas as delícias, maravilhas, promessas e perigos. Todos eles, sem excessões!

E eis que a dor vai diminuindo... Sumindo...

E aquilo que um dia foi a promessa do maior amor, que revolucionou tudo dentro, sacudiu meu mundo como o "the big one" transformou-se em uma leve ardência. Daquelas que um breve beijo de mãe apaga.

Ai, que saudade da minha mãe nessa hora em que o amor maior vai embora e nem o amor de mãe existe para aliviar essa perda.

O problema não é perder o amor maior. É ver que ele se desfaz como os sonhos pela manhã e que deles nada restam, às vezes nem lembranças.

E toca a construir novamente, reconstruir. Fazer e refazer. Soprar o vidro quente e derretido no qual são feitos os sonhos e amores.

Ela se foi. Juntou suas coisas e partiu e aos poucos vai se desvanecendo a lembrança, o rosto, o corpo, tudo... Já não importam mais.

Uma pena mas já não lembramos mais o caminho de volta.

Delírios.

Às vezes as ondas vem,
Como prenuncio de vida,
Aviso da minha partida,
Glória da qual estou aquém.

E eu, deliro de febre de amor.
Amor? Dissesses ou horror?
Amor e um certo temor.
Respiro e vivo pavor.

Paz.

Subitamente percebo que a floresta dentro de mim faz silêncio. Os sons, os ruídos nem o mais singelo barulhinho ressoa, ecoa nesta mata densa e fechada que habita lá, onde todos os meus medos, minhas decepções e segredos se escondem. Como se todos os bichos dessa mata tivessem se escondido temendo um monstro maior que eles mesmos. Lentamente e silenciosamente procuro esse novo predador. Temeroso pela minha segurança prossigo furtivamente entrando naquele silêncio. Escuto meu coração, minha respiração e mais nada. A cada passo me volto esperando seu ataque pelas costas e nada acontece. Nada aparece.

_Onde está esse mostro que silenciou minha floresta?

_Porque ele não ataca e me esquarteja?

_Porque não me devora?

_Porque ainda estou aqui?

E quanto mais adentro a escuridão mais o silêncio me cerca, me domina. Mas ao mesmo tempo surge um conforto, um calor dentro do peito que se irradia e a medida que avanço pela noite adentro  esse calor atinge a pele e por mais que sinta meu corpo em chamas nada queima, nada dói. Sinto somente um incômodo nos olhos. Me dou conta que consigo enxergar a floresta e percorro suas trilhas como se fosse dia, não mais tateando prestes a ser devorado. E aquela sensação de conforto transforma-se. Não existe nenhum novo mostro percorrendo a floresta. Apenas eu. E compreendo que aquela luz sai de mim.

Paz. A floresta estava tranquila. Nesta noite os medos as frustrações e segredos fugiram temendo aquela luz que irradiava de mim.

Esta noite eu estava em paz.

Inventário.

Um novo dia,
Uma casa para arrumar,
Dívidas a serem pagas,
Um doutorado a se fazer,
Uma montanha a ser escalada,
Um carro para comprar,
Aulas para preparar,
Um filme para assistir,
Um livro para ler,
Um outro para escrever,
Alguns quilos a perder,
Uma consulta para marcar,
Um curso pra terminar,
Outro pra começar,
Tatuagens para surgir,
Dreads para manter,
Muito suor para pingar,
Um novo homem para surgir.

O jogo.

O jogo lúdico do nosso amor

Desmonta.
Remonta a tempos,
Outros.

Não mais agora.

O corpo encaixa firme,
Uniforme.
Em cores de desejo,
Com fome de carne viva.

Meu corpo, teu corpo.
Um corpo móvel de difícil
Conclusão.

Teu corpo, meu corpo.
Encaixam certo,
Como um jogo

Um Lego.

Armar.
Amar.
Montar.
Trepar.

Ai, ai meu bem
Por que ficamos tão Zen.

Telefone.

De repente vem,
Como uma onda,
Uma vontade de perguntar,
_E aí? Tudo bem?

Os olhos se viram
Pára o telefone,
Pára tudo, pára o mundo.
A mão quase se estica
Nesse breve tisuname.

E a vontade se vai,
Se esvai com a onda,
Quebrando silenciosa,
Sem dizer seu nome.

E a calma volta a alma.
E tudo volta a seu lugar.

Saída.

Eu guardo comigo lá em casa.

Um vidro de calomelano.
Pra poder sair dessa vida

Sem dor.
Sem erro.


Ou engano.




Maurício Ferreira

Fragmentário ou a estória de um abismo.

Não sou mar, nem montanha,
sou entre eles, sou nada.
Sou um penhasco profundo.
Eu sou o fim da picada.

Sou o seu medo mais claro.
Um tal pavor incontido.
Teu corpo solto no ar,
e uma tensão no umbigo.

E o sol que brilha em mim
te cega, a vida ofuscada.
Não sou amor? Sou prazer?
Sou só uma grande roubada?

Sou a raiz que seguras,
no alto do meu abismo.
Por que não soltas? Não pulas?
E então perder o juízo.



Maurício Ferreira*

* o alterego onírico de Mauricio Cardoso

Buceta.

=A buceta é vida, ela é tudo. é a origem e porta de entrada desta vida. A mulher é um portal e através de sua buceta permite, ou não, nossa entrada nesta dimensão. A buceta é o oposto ao túmulo, este porta de saída de nossos despojos, restos. A buceta é viver e não apenas vida. É através dela que a humanidade pulsa.

O homem tem inveja da buceta, e por isso pega seu pequeno cajado, ou clava e espanca a mulher em sua inveja patológica pela buceta. Pobre homem obrigado a ser herói do universo, mantenedor da ordem... Pobre guardião de nada, pois não temos entradas nem saídas, não temos sentido nem rumo. Não temos nada!

Mas no fim temos a buceta que nos escolhe, ela é a buceta que nos acolhe, nos dá lar, embala, e dá potência para aquilo que podemos ser. Deusa da criação é da vida, ó buceta formosa, senhora é dona de nossos espíritos, é mestra de nossas vontades. Te saúdo e vôs pertenço Buceta mais que amada.

A Rainha Misândrica.

Ela se julga rainha, e eu tolo, nela não creio. Já disse não crer em reis ou rainhas e desconfio de deuses que não dançam para mim. Para esses não danço ou oro de volta. Mas ela tem certeza de sua nobreza,  eu apenas da minha inteireza. Logo eu que fui tantas e tantas vezes partido, dividido em dez mil pedaços, Salgado e espalhado aos quatro cantos. Logo eu fui me perceber inteiro. _Não, não quero mais meus versos. Eles nada mais me dizem.

Versos sem musa são apenas palavras,,, fracas! Coisas ditas sem sentido, ao vazio. E eu faço versos para o homem do espelho. Apenas ele. Que me compreende, me atende, me ama e me recebe em seus braços. Eu faço versos pra mim.  Versos ao sobrevivente. Versos de minha sobrevida, linda, longa e em paz.

E ao longe vai se pondo aquela rainha, que como a rainha de copas também exigiu minha cabeça. E eu, pobre João Baptista de mim mesmo; quase dei-a várias vezes. E apontando-me com seus soldados eunucos, homens de chumbo, brinquedos aos quais não contas segredos... _Ou contas?

Pois bem sei que conta-os nos dedos. Cem, cento e cinquenta ou já chegou em duzentos?

E essa tua real misandria, por homens que não são brinquedos, tão bem disfarçada em amor por pouco me obliterou. Fazendo-me cair no vazio do meu próprio esquecimento.

_Quem sou? Quem sou?

A rainha misandrica, então se afasta, levando seu séquito (in)fiel, seus homens subjugados ao chão, como brinquedos espalhados por uma criança mal educada; ela. E a coroa, que tantas vezes respirei de seu lazuli, se espatifa como meus sonhos, espalhando suas palavras vazias aos ventos: lealdade, verdade, maldade.

Tudo bobagem.

E eu desço da árvore e assisto o mar retornar lento ao seu leito, desfazendo o teu Tsunami, deixando escombros no lugar de lembranças, ressentimentos ao invés de saudade...



Eu, profundo de mim mesmo.

Eu, verso profundo
de mim mesmo.

Qual a boia perdida no mar,
sinalizando aos barcos,
a esmo.

Eu, abismo profundo,
jocundo,
imundo.

Como um verso Raimundo,
Porém o dono do mundo,
e de algumas rimas fracas.

A mulher e seus brinquedos.

A noite na cama,
Ela brinca.

Brinca com seus brinquedos,
Todos pretos,
Como um luto.

Brinca fingir desejo.
E fingindo prazer,
Finge fingir liberdade.

E nesse sonho de fada,
Bruxa, ninfa,
Ou Sherazade,
Finge assim atingir ao cume
do que ela chama lealdade.

E eu, que em outro leito me deito,
Viro pro lado e durmo.

Sonhando também ser brinquedo.

Necessidade.

Versos amarrados em pedras.
Poema processo multicor.
A vida vivida em excesso,
Sucesso não representa amor.

Virar um poeta errante,
De musa em musa.
De cama em cama
Perdido de mim por aí.

Talvez não precise de musas,
Ou só sinta falta de amor.

Ópio.

Eu te fiz uma heroína,
Minha droga preferida
E nessa síndrome de abstinência
Que alguns chamam saudade.

Me volto a mim, me amo.
Tão maior que você,
Meu amor por mim é sincero.
Calmo, pacato, bonito.

Ele me impede ser monstro,
Covarde um homem aflito.
E calmamente me vou,
Viajando outros mares

Vou só, não preciso amores.

Pacato.

Sono, Morpheus me chama,
Adeus mundo, até amanhã.
E deito, só, em minha cama,
Sem gosto, sem febre, sem manha.

E faço versos para mim,
Meu gosto, minha febre e minha manha,
Dengoso sem mais ter um fim,
Nessa teia da mulher aranha.

E penso poemas passados
Usados com outra intensão,
De dizer do amor seu estado,
Onde antes havia coração.

E lanço palavras ao léu,
E delas não espero retorno,
Nem nada existe no céu,
Nem anjos, nem santos ou deus.

Eu te amo, porra!!

Sou o homem invisível,
Intangível, visto só em sonho.
Sou mentira? Não senhora.
Fui, não sou, agora sou eu!

E te vejo derreter, se perder,
No momento que me encontro,
Minha mão estava esticada,
Mas quem disse que queres?

E você se dissolve em memórias,
Tão tristes, em versos tristes,
Em braços, não amores,
Se querendo pretendendo-se rainha.

Mas não minha. Nem eu, teu.
E cada dia me acho,
Cada pedaço perdido,
Minto meu quebra cabeças,
Viro homem resolvido.

Mas ainda assim intangíveis,
Um para cada um.
Opostos dispostos na mesa,
Em casas agora esquecidas
Em um lugar da memória,
Que a idade apagará,
E depois a morte.
Mais nada.

Nu de mim mesmo.

Dispo-me enfim daquilo que fui,
Tão armado, fechado em couraças,
Encastelado dentro de mim.

Ser homem, nu,
Despido para guerra,
Que guerra? Amor?

Desisto da peleja,
Me entrego a uma flor,
Resoluto, em pelo,
Eu sou essa flor.

Enfim, sem armas,
Mentiras sinceras,
Que me protegeram (?),
Por eras, de Hera.

A carne exposta,
Tão dilacerada,
Procura uma cura,
Sem sal, sem demora.

E que não me arda,
E nem me exija,
Amor, (será que ainda tenho?)
Ou paixão.

Ao longe Marco Antônio,
Homem derrotado,
Se vai sem amor,
Mas conserva sua vida.

De que adianta amar,
Se dar sem medida,
Se o amor é o vazio,
É queda perdida.

E Marco desaparece,
Atrás do horizonte,
Deixando a rainha morta,
E suas lágrimas, e seu amor.

Não, não quero bruxas,
Tampouco rainhas,
Não mais quero uma igual,
Nem ninguém em especial.

A lua invade a minha solidão,
Oh, lua descuida,
E a minha nudez,
De vergonhas,
De medos,
De erros,
De defeitos,
Daquilo que fui,
E sou sem o luar.

E nego o espaço,
Da minha cama e coração.
Do que foi passado,
Vai passar, vai parar de doer,

E caminho serene, (nu)
Até a montanha.
A minha montanha,

Ela em algum lugar chora mas sabe que eu vou chegar.
Também sei.

É para ela que um dia serei visível.

Sudoeste

Como o tempo,
O vento passa,
E deixa para trás,
Meus brancos cabelos.

Tal qual o vento,
O tempo passa,
Marcado, ordenado,
Levando meus anseios.

domingo, 28 de janeiro de 2018

A maldição do vale negro.

A maldição do vale negro
                                                Mauricio Ferreira.


Entre montanhas sombrias
Perco meu senso, vem perigo
Deixo-me solto, em risco
De onde não há retornar.

Penetro sua escuridão 
Encontro  minha luz lá perdida
O que é amor? Só partida?
Despedida, e não voltar?
  
Mergulho em teu vale negro
Sôfrego vou, me deleito,
Bebo tua fonte, teu leito,
Saudade, dói respirar.

Esse negror infinito
Puxa-me um útimo suspiro
Estraçalha tua gravidade 
O meu pobre coração
  
E tuas estrelas afiadas, sorriem 
Ao longe, em escuro mistério
Ah, Dionysos como quero.
Perder, perder-me, ceder.







Autorretrato em 3X4

Auto-retrato em 3X4.


sou síntese;
tese de meu pai,
anti-tese de minha mãe.

eu sou um abismo escuro e profundo.

talvez não...

(mas você nunca vai saber se não saltar.)

sou fácil, difícil.

sou sim.
não sou.
sou as vezes,

mas nunca sou.

sou quente,
as vezes frio;

nunca morno.

estou sempre perto,
ou sempre longe,
mudando de acordo com o seu referencial.

sou norte,
(mas meu olhar
sempre se perde
no horizonte
de onde a lua vem.)

sou calmo,
paciente
e quero tudo pra ontem; de manhã.

sou teimoso.

perdôo sempre,
mas também odeio mortalmente,
pra sempre;
pelos próximos quinze minutos.

sou absurdamente racional, e racionalmente incoerente.

sou verso e prosa. estribilho e refrão. sou poema concreto.

sou ponto, vírgula, ponto e vírgula, dois pontos, interrogação, exclamação. fecha aspas.

sou irritante, insuportável, eu sou terrível.

sou doce; meio amargo.

eu sou amor da cabeça aos pés.

sou homem, sou arte, sou marte! ahh... sou.

sou enlouquecedor, e a coisa mais calma do mundo.

nem penso. pulo no fogo pra buscar um amigo.

sou branco, ariano, preto e negão.

as três coisas que mais amo cabem em embalagenzinhas de 1.65m a pouco mais de 1.80m. mas duas delas ainda estão em fase de crescimento.

detesto jiló.
só como quiabo por causa do meu orixá
(ainda bem que ele não me pede pra comer com frequência, nem puro.).

sempre morro de saudade;

nunca, nunca admito.

sou um hipogrifo num embate mudo contra uma esfinge.

a vida pra mim nem sempre é uma questão;
decifro-te. devora-me,
não tenho medo de mordidas,
nem de morder!

vou viver muito, muito, muito. muito mesmo!

até quase encher o saco.

adoro Hamlet.

(Maurício Ferreira)

Matemática

Ela pra mim é matemática pura,
Dois e dois são tres, sete
Cinco mil duzentos e dezeseis.
Mas pra mim faz sentindo.

Olho pra ela e vejo cinema,
Trufautt, Gravas, Etore Scola
Ou os filmes que fiz mas já perdi em super8
E mesmo assim não canso de rever.

O que ouço dela é sua música.
Coltrane, Parker, Black Eyed Peas
E ritmos e canções que não conheço
Mas mesmo assim meu curacao quer pulsar igual.

Toco seu corpo como se fosse um livro.

Isabel

Isabel
                        Mauricio Ferreira


Te odeio com todas as forças
Isabel. 
Que direito que tivestes 
Libertando negro e pardo.


Justo agora que eu queria
Juntar minhas economias.
Roubar, furtar e pilhar.


Matar se preciso for.

Juntaria uma fortuna,
Quanto fosse, não importa.
Mas comprava o meu amor.


E a noite, no escuro da alcova 
junto a ela, lado a lado.
Eu seria livremente 
O que sou,
Sempre fui.
Desde o instante em que a vi.


Simplesmente seu escravo.

Corazon

Corazon.
                                    Mauricio Ferreira.



Eu abri meu peito inteiro
E mostrei meu coração.

Ela olhou ligeiramente.
E sorrindo disse não.

Breu.

Breu.
                        Mauricio Ferreira.



Tenho medo do escuro
E tudo que nele se esconde.
É um medo de criança
Daqueles que nunca some


Tenho medo a cada passo
Que esse escuro me devore.
Esse escuro é um iinfinito
Que estendeu em mim seu laço


Tateando em seu breu
Sinto, ele me consome.
Tenho medo do escuro
Mas nenhum de sua fome.


Esse escuro me apavora
Me congela com seu nome.
Tenho medo do escuro,
Mas se um medo maior tenho
É que o escuro me abandone.


Meu filho, João.

Meu filho, João.


                                    Mauricio Ferreira.


Perdão meu filho, te peço. 
Pois em meus sonhos ficaste.
Daí que partem as lágrimas
Por quem nunca conhecerei.

Choro a bola que não rola.
Os jogos, corridas
E histórias
Que à ti não contarei.

Ah, meu filho mulato
Como te quero e te amo.
Tanto te choro e lamento
Esse nunca te encontrar.

Te chamaria João,
Cândido que tu és.
E tu me chamava de pai

Ah meu pequeno almirante
Quantos barcos não te fiz
Para que ao mar lançai.

Mas espera meu pequeno
Quem sabe um dia eu renasça
E seja, eu, teu filho. Mulato,
E tu, meu pai sonhador,


Morte.

Morte.
                                    Mauricio Ferreira.




Eu sempre sonhei em morrer
No dia do meu aniversário
Como quem paga uma conta
Ou encerra um crediário

Em um círculo que se fecha
Morrer, sem nada dever.
Morrer fazendo uma festa
Morrer, e apenas morrer.

No dia do meu nascimento
Saindo da morte passada
Representa o arco da porta
Pela qual volta-se ao nada.

Morrer, e de novo nascer
Viver, amar, respirar.
Querer uma vida melhor.
As vezes morrer é sonhar

Amor em preto e branco.

Amor em preto e branco.


                        Mauricio Ferreira.




Meu humor é negro
Meu amor também.

O meu medo é branco
Pois o branco nada tem.

A solidão é branca.
A tristeza é branca.

Só a felicidade era preta.

Canção para a noite (Poema em andamento)

Canção para a noite.

Mauricio Ferreira


A noite vem com seus mistérios
E deleites

Nenhum segundo a poema incompleto)

Nenhum Segundo a menos.




Vou te amar por inteiro
A minha vinda inteira
E nenhum Segundo a menos.

Vou viver ao seu lado,
Sorrir, cantar e dançar
E sonhar essa vida passageira.

Quero a sorte de filhos contigo



Minha'lma

Minha alma.


Perdoe seu menino, mãe,
Conceição me envenenou.
Foi dando seu leite preto
Negro fez de mim seu filho

Desde então escondo isso
Embaixo da pele branca.
Esse preto que eu sou.

E quando olho o espelho
Juro, nunca reconheço
Um branco de lá me olha
Perguntando quem sou eu.

Sempre olharam diferente
Meus irmãos, e me viam
ao contrário do que são.

Meu oposto perto deles
Tão morenos, nem distante
Mas o oposto do que pensam
Eu sou trevas, não sou luz.

Graúna

Graúna.
                                    Mauricio Ferreira.

Em homenagem a Edgar Alan Poe.


Graúna, passaro preto
Fez meu peito de se ninho.
Só penso em Allan Poe
Quoth the raven, `Nevermore.'


O pássaro de galho em galho,
Me bicando de mansinho.
Comendo meu coração
She shall press, ah, nevermore!


A ave, penas lustrosas
Voa alto em seu caminho.
E meu peito despedaçado,
Of "Never-nevermore."'


E Poe, vem do além
Com seu corvo gargalhando
Os dois gritando alto
Ah Mauricio, nothing more.


Minha ave abre as asas
Preparando o seu destino
As lágrimas vão ficando,
With such name as `Nevermore.'


Aos poucos no horizonte
Minha graúna vai sumindo.
Deixando-me para trás,
Then the bird said, `Nevermore.'


Saudade de suas bicadas
Das ciscadas sobre o ninho.
E se foi em revoada.
Shall be lifted - nevermore!

Todo o ódio do mundo

O que eu faço 
Com todo ódio
Do momento (que tenho)
Por voce?

Você precisa
De ajuda,
De apoio,
(E talvez) Do meu ombro?

E eu me odeio
Por ter te odiado,
Um segundo que fosse
Por não ter te amado,
Não ter compreendido,
Que a sua dificuldade,
É como a minha


Só isso.

Desculpe-me

(Ainda te amo).