domingo, 6 de maio de 2018

Dúvida.

Essa era sua única certeza, algo completamente socrático mas real. Ele tinha certeza de que não fazia a menor ideia do que era aquilo. Mas a consciência sempre pesa em quem já teve uma vida desregrada e com uma consciência atacada por memórias passadas, pesadelos e outros fantasmas nada se podia fazer.

A não ser respirar.

Deixar o tempo passar...

É só assim ele veria que aquilo não era ele. Não era com ele. Não era pra ele.

Foi então que ele resolveu olhar o destinatário da carta. Era o mesmo nome, mas sobrenome diferente. O porteiro semianalfabeto entregou a carta no apartamento errado. Essa noite, no prédio onde morava ninguém passaria a noite em claro.

Ele pensou. Virou pro lado e dormiu.

Nessa noite todos dormirão tranquilos, até os culpados.

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