Essa era sua única certeza, algo completamente socrático mas real. Ele tinha certeza de que não fazia a menor ideia do que era aquilo. Mas a consciência sempre pesa em quem já teve uma vida desregrada e com uma consciência atacada por memórias passadas, pesadelos e outros fantasmas nada se podia fazer.
A não ser respirar.
Deixar o tempo passar...
É só assim ele veria que aquilo não era ele. Não era com ele. Não era pra ele.
Foi então que ele resolveu olhar o destinatário da carta. Era o mesmo nome, mas sobrenome diferente. O porteiro semianalfabeto entregou a carta no apartamento errado. Essa noite, no prédio onde morava ninguém passaria a noite em claro.
Ele pensou. Virou pro lado e dormiu.
Nessa noite todos dormirão tranquilos, até os culpados.
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