domingo, 6 de maio de 2018

A Rainha Misândrica.

Ela se julga rainha, e eu tolo, nela não creio. Já disse não crer em reis ou rainhas e desconfio de deuses que não dançam para mim. Para esses não danço ou oro de volta. Mas ela tem certeza de sua nobreza,  eu apenas da minha inteireza. Logo eu que fui tantas e tantas vezes partido, dividido em dez mil pedaços, Salgado e espalhado aos quatro cantos. Logo eu fui me perceber inteiro. _Não, não quero mais meus versos. Eles nada mais me dizem.

Versos sem musa são apenas palavras,,, fracas! Coisas ditas sem sentido, ao vazio. E eu faço versos para o homem do espelho. Apenas ele. Que me compreende, me atende, me ama e me recebe em seus braços. Eu faço versos pra mim.  Versos ao sobrevivente. Versos de minha sobrevida, linda, longa e em paz.

E ao longe vai se pondo aquela rainha, que como a rainha de copas também exigiu minha cabeça. E eu, pobre João Baptista de mim mesmo; quase dei-a várias vezes. E apontando-me com seus soldados eunucos, homens de chumbo, brinquedos aos quais não contas segredos... _Ou contas?

Pois bem sei que conta-os nos dedos. Cem, cento e cinquenta ou já chegou em duzentos?

E essa tua real misandria, por homens que não são brinquedos, tão bem disfarçada em amor por pouco me obliterou. Fazendo-me cair no vazio do meu próprio esquecimento.

_Quem sou? Quem sou?

A rainha misandrica, então se afasta, levando seu séquito (in)fiel, seus homens subjugados ao chão, como brinquedos espalhados por uma criança mal educada; ela. E a coroa, que tantas vezes respirei de seu lazuli, se espatifa como meus sonhos, espalhando suas palavras vazias aos ventos: lealdade, verdade, maldade.

Tudo bobagem.

E eu desço da árvore e assisto o mar retornar lento ao seu leito, desfazendo o teu Tsunami, deixando escombros no lugar de lembranças, ressentimentos ao invés de saudade...



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