domingo, 6 de maio de 2018

Nu de mim mesmo.

Dispo-me enfim daquilo que fui,
Tão armado, fechado em couraças,
Encastelado dentro de mim.

Ser homem, nu,
Despido para guerra,
Que guerra? Amor?

Desisto da peleja,
Me entrego a uma flor,
Resoluto, em pelo,
Eu sou essa flor.

Enfim, sem armas,
Mentiras sinceras,
Que me protegeram (?),
Por eras, de Hera.

A carne exposta,
Tão dilacerada,
Procura uma cura,
Sem sal, sem demora.

E que não me arda,
E nem me exija,
Amor, (será que ainda tenho?)
Ou paixão.

Ao longe Marco Antônio,
Homem derrotado,
Se vai sem amor,
Mas conserva sua vida.

De que adianta amar,
Se dar sem medida,
Se o amor é o vazio,
É queda perdida.

E Marco desaparece,
Atrás do horizonte,
Deixando a rainha morta,
E suas lágrimas, e seu amor.

Não, não quero bruxas,
Tampouco rainhas,
Não mais quero uma igual,
Nem ninguém em especial.

A lua invade a minha solidão,
Oh, lua descuida,
E a minha nudez,
De vergonhas,
De medos,
De erros,
De defeitos,
Daquilo que fui,
E sou sem o luar.

E nego o espaço,
Da minha cama e coração.
Do que foi passado,
Vai passar, vai parar de doer,

E caminho serene, (nu)
Até a montanha.
A minha montanha,

Ela em algum lugar chora mas sabe que eu vou chegar.
Também sei.

É para ela que um dia serei visível.

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