domingo, 6 de maio de 2018

Paz.

Subitamente percebo que a floresta dentro de mim faz silêncio. Os sons, os ruídos nem o mais singelo barulhinho ressoa, ecoa nesta mata densa e fechada que habita lá, onde todos os meus medos, minhas decepções e segredos se escondem. Como se todos os bichos dessa mata tivessem se escondido temendo um monstro maior que eles mesmos. Lentamente e silenciosamente procuro esse novo predador. Temeroso pela minha segurança prossigo furtivamente entrando naquele silêncio. Escuto meu coração, minha respiração e mais nada. A cada passo me volto esperando seu ataque pelas costas e nada acontece. Nada aparece.

_Onde está esse mostro que silenciou minha floresta?

_Porque ele não ataca e me esquarteja?

_Porque não me devora?

_Porque ainda estou aqui?

E quanto mais adentro a escuridão mais o silêncio me cerca, me domina. Mas ao mesmo tempo surge um conforto, um calor dentro do peito que se irradia e a medida que avanço pela noite adentro  esse calor atinge a pele e por mais que sinta meu corpo em chamas nada queima, nada dói. Sinto somente um incômodo nos olhos. Me dou conta que consigo enxergar a floresta e percorro suas trilhas como se fosse dia, não mais tateando prestes a ser devorado. E aquela sensação de conforto transforma-se. Não existe nenhum novo mostro percorrendo a floresta. Apenas eu. E compreendo que aquela luz sai de mim.

Paz. A floresta estava tranquila. Nesta noite os medos as frustrações e segredos fugiram temendo aquela luz que irradiava de mim.

Esta noite eu estava em paz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário